Depois da sua primeira presença em Março, na plataforma Sangue Novo, Nair Xavier apresenta agora "Orchidarium", uma colecção desenhada a partir da anatomina das orquídeas, numa reinterpretação do lado mais clássico da roupa masculina.
Como foi a reacção à colecção anterior que
apresentaste no Sangue Novo?
Eu penso que
a reacção foi boa. Tive muita divulgação, houve muita cobertura por parte da
imprensa. Houve também muitas pessoas interessadas em comprar e lojas interessadas
em pôr as peças à venda. Em termos gerais, foi muito bom!
Há alguma relação entre a colecção anterior
e a que vais apresentar nesta edição da ModaLisboa?
Esta
colecção é uma evolução, em termos de cortes e de pormenores. Também em termos
de silhueta e de estética geral, esta está mais masculina e a caminhar para o
lado clássico do menswear. É uma
colecção que se afasta do lado mais desportivo e se aproxima das silhuetas
clássicas.
Esse é um facto curioso: há cada vez mais designers a apresentar colecções
masculinas...
Mas é tudo
muito desportivo!
Exactamente, é muito virado para o streetwear e para o sportswear... Tu fazes o contrário e vais à procura do lado mais
tradicional, do lado mais clássico do vestuário masculino.
Essa é a
parte de que eu gosto realmente, esse lado mais clássico. O facto de toda a
gente se aproximar do sportswear faz
com que eu me queira afastar para poder marcar a diferença. E é isto
precisamente que eu gosto de fazer, ou seja, alfaiataria reinterpretada,
modernizada em termos de tecidos, de cores... Em termos de alfaiataria
tradicional, há muito pouco uso de cores, é tudo escuro e com um corte
clássico.
Esta colecção tem muitos vermelhos, muitos
rosas...
Sim, cores
que supostamente são mais femininas. Há rosas, lilases, roxos...
Não tens medo de que esta paleta de cores
supostamente mais femininas afaste um pouco o público ou eventuais compradores?
Não. Em
Portugal, existe muito medo, mas lá fora não. Lá fora vêem-se as coisas mais
loucas, também em alfaiataria... Se não arriscar, nunca vou saber e fazer uma
colecção toda em preto é algo que, para mim, está totalmente fora de questão!
Se não houver oferta, não vai haver procura. Quem sabe se um homem não vai a
uma loja, experimenta umas calças rosa e descobre que são o amor da vida dele?
Nunca se sabe!
A tua colecção anterior teve como pontos de
partida os icebergs e os pinguins,
enquanto que nesta foram as orquídeas. Há sempre este lado da natureza, da
anatomia nas tuas colecções. É algo consciente?
É, é algo
propositado mesmo. Vem um pouco pela curiosidade de entender as coisas. Fui
pesquisar em livros como era constituída uma orquídea, fui procurar os
pormenores, tentar entender a anatomia...
Como é que depois isso se traduz nas peças?
É explorar...
É tentar encaixar as peças, quase como se fosse um puzzle. É pegar na anatomia da orquídea, nas diferentes partes, e
basicamente tentar transpor isso para as peças. É um trabalho muito assente na
construção e na modelagem, que é o que eu mais gosto de fazer.
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After presenting her first collection at Sangue Novo in March, Nair Xavier will now present "Orchidarium", a collection inspired by the anatomy of an orchid plant that reinterprets the classical aspect of menswear.
How was the reaction to the previous collection you presented at Sangue
Novo?
I think the reaction was good. There
was a lot of interest from the press, from people who wanted to buy pieces and
from stores that wanted to sell them. Overall, it was actually really good.
Is there any relationship between the previous collection and the one
you will be presenting now at ModaLisboa?
This collection is an evolution, as
far as the silhouette and the attention to details are concerned. It is more
masculine in the sense that it moves away from sportswear and embraces the
classical, tailored silhouette.
That’s curious: there are more and more designers presenting menswear
collections…
But they are all very sportive!
Exactly, it’s very much focused on a streetwear/sportswear approach. You
do exactly the opposite and focus more on the classical, tailored side of
menswear.
That’s the part I really like. The
fact everyone is presenting sportswear collections makes me want to do
something different. Besides, this is what I really like to do – tailoring with
a modern twist as far as colors and fabrics are concerned.
This collection does have a lot of reds and pinks…
Yes, there are a lot of colors that
are supposed to be more feminine. There’s pink, lilac, purple…
Aren’t you afraid that those colors may scare your audience or buyers?
No, I don’t. In Portugal, people are
still afraid, but elsewhere you see crazy outfits. Anyway, if I don’t take the
chance, I will never know and creating an all-black collection is something out
of the question for me. If there is no supply, there is no demand… What if a
man walks into a store, tries a pair of pink trousers and finds out that it is
the love of his life…? You never know!
Your previous collections revolved around icebergs and penguins, and
this one focus on orchids. Is there always this focus on nature and anatomy? Is
it conscious?
It is. It is something planned. It
comes from my curiosity, from my need to understand things. I made a lot of
research on orchids, on its anatomy, on its details.
And how does that translate into the garments?
It’s all about exploring and trying
to fit pieces together, almost as in a puzzle. I try to use the anatomy of an
orchid and apply it to the garments. It is a kind of work focused on
construction and pattern making, which is what I actually enjoy the most.
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