Com origens angolanas, Nair Xavier nasceu
em Lisboa, em 1989. Em 2008 partiu para Londres, onde se licenciou em Fashion
Design Technology pelo London College of Fashion. Agora, Nair Xavier é uma das
jovens designers seleccionadas para apresentar na plataforma Sangue Novo.
Qual é a primeira recordação relacionada
com moda que tens?
A primeira,
primeira? É a Cinderela! A parte em que os passarinhos lhe estão a fazer o
vestido. Logo aí surgiu qualquer coisa. Foi desde muito criança que surgiu o
desejo... Eu cresci a dizer que ia ser designer
de moda. Nas aulas, em vez de prestar atenção, ficava a desenhar nos livros...
Qual foi o impacto de Londres na tua
carreira?
Estudar em
Londres alargou-me o campo de visão em termos de criatividade porque é uma
cidade muito aberta, encontra-se o mundo todo lá. Aqui em Portugal, as pessoas
vestem-se como se houvesse um uniforme, é tudo muito igual, muito parecido. Em
Angola, acontece o mesmo... Londres mostrou-me que posso ser diferente, que
tenho liberdade para isso, que não há limites.
Esta colecção é inspirada nos pinguins e
nos icebergues. O que te cativa nestas realidades?
Quando
estamos a criar uma colecção de moda, a última coisa em que devemos pensar é
que isto é moda... Não podemos criar uma colecção com peças na cabeça porque
acabamos por ficar presos e vamos sempre ter a algo que já foi feito. Se
pegarmos em algo mais abstracto, é muito mais fácil criar inovações. Nunca fui
grande fã de pinguins... Encontrei uma foto num site e pensei “olha, isto era interessante”...
De que forma é que essa inspiração se
revela nas peças?
Em termos de
cortes e das formas... As formas anatómicas dos pinguins foram utilizadas ao
longo das peças e penso que no desfile essa silhueta é reconhecível. A paleta de cores também é muito fiel à
inspiração... Há muita cor, é uma colecção muito colorida!
Tu desenhas exclusivamente menswear. O que há de tão atractivo na
roupa de homem?
Tudo! Em
termos de roupa de senhora já está tudo criado, o que podemos fazer é reinventar
uma peça ou outra... Na roupa de homem ainda há muito a explorar dentro do
comum.
A roupa de
homem é mais simples em termos de design,
mas não de confecção. Atrai-me
muito a construção clássica, a alfaiataria... Reutilizar essa construção em
termos mais modernos, misturar a alfaiataria com o sportswear... A esse nível ainda há muito que podemos desenvolver.
Há todo um novo interesse na moda masculina
nos últimos anos. Como vês este fenómeno de crescimento?
Houve uma
evolução do próprio homem. De há uns 10 anos para cá, a forma de vestir dos
homens mudou muito. Muito mesmo! Principalmente em Portugal, o homem deixou de
ser tão tradicional.
A própria moda democratizou-se, deixou de ser para alguns e passou a ser para todos. Isso também influenciou a aceitação de novas tendências e de novas maneiras de vestir e o homem acompanhou isso.
A própria moda democratizou-se, deixou de ser para alguns e passou a ser para todos. Isso também influenciou a aceitação de novas tendências e de novas maneiras de vestir e o homem acompanhou isso.
O que esperas conseguir com esta colecção e
esta oportunidade de participar na ModaLisboa?
A abertura
de portas é muito difícil para um jovem designer...
Ter uma oportunidade destas para se lançar e ganhar visibilidade é muito
importante. É preciso agarrar esta oportunidade com unhas e dentes porque não é
todos os dias que se consegue apresentar na ModaLisboa. O objectivo final é
continuar e estabelecer uma marca própria!
--
Nair Xavier, whose roots are in Angola, was born in Lisbon, in 1989. In
2008, she left Portugal to attend the London College of Fashion, where she graduated in
Fashion Design Technology. Now, Nair Xavier is one of the designers selected to
present at “Sangue Novo”, Lisbon Fashion Week’s platform dedicated to young
designers.
What’s your earliest memory of fashion?
The very first? Cinderella! When the
birds are sewing her dress… It triggered something. I felt that connection from
a very early age. I grew up saying
I would be a fashion designer. I would not pay attention to classes… I
would draw, instead!
How important was London in your career?
It broadened my vision as far as
creativity is concerned. London is a very open-minded city, there’s people from
all over the world there. Here in Portugal, people all dress the same, as if
there is a uniform. In Angola it's the same. London showed me that I can
be different, that I have freedom, that there are no limits.
This collection was inspired by penguins and icebergs. What attracted
you in these realities?
When we are creating a collection,
the last thing we should think is “this is fashion”… We cannot create a
collection with this in mind because we will get stuck with that and create
something that has already been made. If we start with something more abstract,
it’s easier to innovate.
Actually, I was never a big fan of
penguins… I just found this photo on a website and thought “well, this might be
interesting”…
How does that translate into the collection?
In the shapes and silhouettes. I
used the anatomic shape of the penguin throughout the collection and I think it
will be recognizable during the runway show. And the color palette is also
really true to the inspiration. There is a lot of color!
You only design menswear. What’s so attractive about it?
Everything! As far as womenswear is
concerned, everything has been already created, the only thing we can do is
reinventing one piece or another. However, there is a lot of room to explore in
menswear.
Menswear is simpler when it comes to
design, but the construction is more difficult. The classical construction, the
tailoring, it really attracts me. Rethinking that construction in a more modern
way, mixing up tailoring and sportswear… there’s a lot to do!
There’s been a renewed interest in menswear in the last years. How do you
see this phenomenon?
There’s been an evolution. In the
last decade, the way men dress has changed a lot. A lot, really! Especially in
Portugal, men are now less traditional.
And there’s been a phenomenon of
democratization in fashion. It's no longer just for
some people; fashion today is open to everyone. That has also influenced the
acceptance of new trends and new ways of dressing. And men took that train.
What do you expect from your participation in ModaLisboa?
It’s very difficult for a young
designer to give the first steps in fashion… Having an opportunity like this to
start and get attention is really important. We need to take full advantage of
it because it’s not something that comes along every single day. My goal is to go
on and create my own brand!
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