Friday, March 07, 2014

ModaLisboa | Sangue Novo: Sofia Macedo



Nasceu em 1985 e aos três anos mudou-se para o Luxemburgo. Em 2009, regressou a Portugal e foi esse acontecimento que originou “Etymon”, a colecção que Sofia Macedo vai apresentar na sua segunda participação na plataforma Sangue Novo.

Qual é a primeira recordação relacionada com a moda que tens?
A moda entra na minha vida logo em criança, com o gosto por vestir e criar roupa para as bonecas… Esta é a primeira recordação que tenho acerca da moda. Também fui manequim durante alguns anos... Foi nessa altura que comecei a ter uma maior percepção do que era realmente o mundo da moda.

Esta é a tua segunda participação no Sangue Novo. Olhando para trás, para a primeira edição, como vês essa experiência?
Estar presente novamente é um sonho que se repete. Vou poder apresentar mais uma vez o meu trabalho a nível nacional, o que para mim era uma meta a atingir… É uma oportunidade única e indescritível para jovens em início de carreira.
Olhando para trás, consigo constatar o quanto o meu trabalho evoluiu e o que tive que mudar de modo a que a minha colecção se tornasse mais comercial e mais acessível ao público.

Qual é o conceito desta colecção?
O conceito que vou apresentar nesta colecção é “Etymon”, que resulta da palavra étimo e expressa a ideia de origem.
Estaremos sempre ligados e seremos sempre influenciados pelo ponto de partida, pela nossa origem. É a partir dela que fazemos todo o nosso percurso. Acabamos por ser aquilo que vivemos…

Nasceste em Portugal, mas viveste grande parte da tua vida no Luxemburgo. De que forma é que este regresso às origens influenciou a colecção?
Esse regresso é o tema da minha colecção. Regressar fez-me dar valor a tudo de que ainda me lembrava, a tudo de que tinha saudades… O misto do que conheci lá fora com a possibilidade de voltar a ter tudo o que tinha deixado no meu país reflecte-se nas minhas peças... Procurei dar-lhes os tons e as formas dessas minhas vivências.

Dirias que o facto de teres vivido fora de Portugal influenciou a tua estética?
Sem dúvida! Permitiu-me ter contacto com novas culturas, pessoas totalmente diferentes de mim... Todas essas vivências se reflectem nas minhas criações. A criatividade é sempre afectada pelo que vivemos.

Consideras-te uma designer portuguesa ou uma designer luxemburguesa? Sou sem dúvida uma designer portuguesa, o meu sangue é português. O Luxemburgo foi uma mais-valia na minha vida porque me proporcionou crescimento e evolução. Pôs-me em contacto com pessoas incríveis, outras culturas, trouxe-me conhecimento... Contudo, as minhas raízes sempre estiveram aqui e foi por isso que decidi regressar. Portugal é o sítio a que regresso sempre.

Neste momento estás a trabalhar na indústria. Qual a importância dessa experiência?
O facto de trabalhar na indústria têxtil permite-me adquirir conhecimentos práticos, porque nem sempre o que um designer pretende é concebível na prática. Ter consciência disso é fundamental.
Permitiu-me também conhecer o processo de produção das peças, bem como os possíveis problemas que possam surgir durante essa fase. Por outro lado, tenho contacto com todo o tipo de materiais e acessórios, desde a concepção até à produção. Este conhecimento permite-me antever alguns problemas que possam surgir e ajustar os materiais às minhas ideias.

Criar uma marca própria é um dos teus objectivos?
É um dos meus objectivos. No entanto, dada a conjuntura económica do país, será um objectivo de médio e longo prazo.

--

Born in 1985, Sofia Macedo moved to Luxemburg when she was 3 years old. In 2009, she came back to Portugal and that’s what originated “Etymon”, the collection she will present in her second participation in Sangue Novo.

What’s your earliest memory of fashion?
Fashion is part of my life since I was a child, as I enjoyed dressing my dolls and make new clothes to dress them. That’s the first memory of fashion that I have. I was a model for some years… That’s when I started to fully understand what fashion was.

This is your second participation in Sangue Novo. Looking back to the first edition, how do you see it?
Being here again is a dream come true for the second time. I’ll be presenting my work once again to a national audience, which has always was a goal of mine… It’s a unique and indescribable opportunity for young designers starting a career.
Looking back, I realize how much my work has evolved. I can also understand what I had to change in order for my collection to become more commercial and accessible to the public.

What’s the concept behind this collection?
The concept I’ll be presenting is “Etymon”, which expresses the idea of origin. We will always be connected and will always be influenced by our origin, our starting point. It’s from that point that we create our path. We end up being what we lived…

You were born in Portugal, but lived most of your life in Luxemburg. To what extent were you influenced by the fact that you came back? 
The comeback is the theme of my collection. Coming back made me appreciate everything I remembered, everything I missed… What I learnt while I was away along with the possibility of getting back to everything that I had left behind in my own country is noticeable in the garments. I tried to give them shades and shapes of those experiences.

Would you say that living abroad influenced your aesthetics?
Definitely! It allowed me to get in touch with new cultures and people who are totally different from me. All those experiences are reflected in my clothes. Creativity is always affected by what we lived.

Do you consider yourself a Portuguese or a Luxemburgish designer?
I am definitely a Portuguese designer, my blood is Portuguese.
Living in Luxemburg was something very important in my life. It made me grow and learn a lot… However, my roots have always been in Portugal and that’s why I decided to come back. Portugal is the place I always come back to.

You are currently working on the textile industry. How important is that experience?
That experience gives me practical knowledge. What a designer intends to do may not be doable and this experience allowed me to acknowledge that.
It has also made me understand the production side of fashion and the problems that may come with it. Besides, I am in touch with all sorts of materials and accessories, since the conception until the production process. This allows me to predict some problems that may come up and select the materials that will best suit my ideas.

Having your won brand, is it a goal?
It’s one of my goals. However, taking into account Portugal’s economic situation, it will have to be a medium- or long-term goal.

Thursday, March 06, 2014

ModaLisboa | Sangue Novo: Ina Koelln


Katharina Kölln nasceu na Alemanha, em 1985. Estudou na ESMOD, em Paris, trabalhou em Londres e, entre outros destinos, passou três meses a viajar pela Austrália. É precisamente a necessidade e o gosto por viagens que inspira a colecção “On The Go”, que vai apresentar na plataforma Sangue Novo.



De que forma é que os sítios por onde passaste e as viagens te influenciam?

As minhas viagens e os sítios por onde passei são a minha inspiração. Esta colecção é inspirada nisso e no sentimento de querer viajar. Eu não viajo há dois anos, então estou em pulgas! Foi um pouco o sentimento de que as pessoas podem deixar tudo quando quiserem, quando tiverem necessidade de fugir do dia-a-dia, e fazer outra coisa.



Foi esse o principal ponto de partida da tua colecção?

Viajar, pegar numa mochila e fugir é uma coisa realmente importante para mim. Depois vi o concurso e decidi concorrer. Eu queria fazer isto, mas também queria viajar, então peguei nessa ideia e fiz a colecção.

A ideia é um rapaz ou uma rapariga que trabalha num escritório, em roupas clássicas, que precisa de ir embora, precisa de respirar. Então vai a casa, agarra num casaco, numas botas, numa mochila grande e vai-se embora.



No ano passado criaste a marca Ina Koelln e lançaste um negócio de malas. Como é que isso aconteceu?

Aconteceu por acaso... Quando cheguei a Portugal, vi pela primeira vez a cortiça ser utilizada em forma de tecido. Nunca tinha visto isso! Foi brutal! Na Alemanha, havia um concurso de design ecológico, então decidi fazer um projecto com malas de cortiça para o concurso. Não ganhei, mas a reacção foi positiva. Foi aí que pensei “OK, já agora, posso tentar criar um pequeno negócio”. 



O que te fez ficar em Lisboa?

É a primeira vez em dez anos que fico num sítio onde penduro coisas na parede, onde tenho uma casa com contrato e todas essas coisas sérias. Eu sinto que cheguei a casa, sinto-me bem aqui. A vida é muito tranquila. Gostei imenso dos outros sítios onde vivi... A Austrália é incrível, também gostei imenso de Londres. Todos os sítios têm algum interesse, mas nunca senti que tivesse que ficar.



Em relação à forma como as pessoas vivem a moda, que diferenças sentes entre Lisboa e cidades como Paris ou Londres?

Em Paris, por exemplo, se estiveres em casa de pijama e quiseres ir à rua comprar uma baguette, as pessoas vão ficar a olhar para ti porque estás de pijama. Em Londres, é o oposto, podes andar como quiseres, podes pôr umas cuecas em cima da cabeça e ninguém olha! Aqui é um meio termo. Não há um estilo tão maluco como em Londres, mas podes ser diferente.  



Tu descreves a tua marca como “slow fashion”. O que está por detrás desse conceito?

Hoje em dia, o consumo é muito grande em tudo, não só na moda. Eu gosto de me voltar para o que é importante. Prefiro comprar uma peça de boa qualidade e durante três ou seis meses não comprar nada.

Por isso é que as minhas peças são simples, para que daqui a 2 ou 3 anos ainda possam ser utilizadas porque não foram ultrapassadas por nenhuma tendência. Por isso é que a qualidade das peças é também importante.



Quais são os próximos passos da marca Ina Koelln?

O feedback tem sido muito positivo, por isso a minha prioridade são as malas. Quero tentar apostar aí. Talvez aposte mais no calçado também porque já tenho parceiros para esta colecção. Também gostava de continuar na parte da roupa, mas tenho que ver se encontro fábricas que façam quantidades pequenas e a parte financeira... Vamos ver qual é o feedback da ModaLisboa!

--


Katharina Kölln was born in Germany in 1985. She studied at ESMOD, in Paris, worked in London and, among other journeys, travelled around Australia for three months. The need and the passion for travelling inspired “On The Go”, the collection she will be presenting at Sangue Novo.

How do your journeys influence you?
My journeys and the places I have visited are my inspiration. This collection is inspired by the need to travel. I haven’t travelled in the last two years, so I am feeling extremely anxious. It was the feeling that people can leave everything behind when they want, when they feel the need to run away, and do something else.

Was that the main concept for this collection?
Travelling, grabbing a backpack and running away is something really important for me. Then I saw the Sangue Novo contest… I wanted to do it, but I also wanted to travel. So I took that idea and created this collection.
The collection is based on the idea of a boy or a girl who works in an office, wears classical clothes, and feels this need to escape, to breath. So, they go home, grab a coat, a pair of boots, a backpack and goes away.

Last year you created your own brand, Ina Koelln, and launched a bags collection. How did that happen?
It was an accident… When I first got to Portugal, I realized that cork was being used as fabric. I had never seen that! It was awesome! In Germany, there was a ecological design contest, so I decided do present a project on bags made out of cork. I didn’t win, but the reaction was very positive. That’s when I thought “OK, maybe I can try to start a small business here”.

Why did you decide to stay in Portugal?
This is the first time in ten years that I hang things on the walls, that I have a real estate contract and all those serious things… I feel that I arrived home, I feel good here. Life is very quiet. I really liked all the places I have been to. Australia is amazing and I really appreciated London as well. Every single place is interesting in a way, but I never felt like I should stay.

Would you say that people have a different relation with fashion in Lisbon, when compared to cities like Paris or London?
In Paris, for example, if you’re home on your pajamas and want to go buy a baguette, people will stare at you because you’re wearing your pajamas. In London, it’s quite the opposite. You can wear your underwear on your head and no one cares! In Lisbon, style isn’t as crazy as in London, but you can still be different.

You describe your brand as “slow fashion”. What’s behind that concept?
Nowadays, consumption is very high, not only in fashion. I like to go back to what is important. I’d rather buy a good quality garment and not buy a single piece in the next three or six months.
That’s why my pieces are simple. In 2 or 3 years people can still use them because they are not out-of-trend. And that’s why quality is so important.

What are the next steps for your brand?
Feedback has been very positive, so my priority is bags. Maybe I’ll try footwear as well, because I already have a partnership for this collection. And I would like to move on with ready-to-wear, but I need to find a good partnership for that. And there’s also the financial part… Let’s wait for the reaction at ModaLisboa!


Wednesday, March 05, 2014

ModaLisboa | Sangue Novo: Olga Noronha

Olga Noronha nasceu no Porto, em 1990. Em 2007 mudou-se para Londres e em 2011 licenciou-se em Design de Joalharia. O seu percurso académico, dedicado à joalharia medicamente prescrita, levou-a a participar na primeira edição do Sangue Novo. No regresso à plataforma, Olga Noronha apresenta a colecção “Corpus in Claustrum”.

Qual é a primeira referência que tens em termos de moda?
As primeiras referências em termos daquilo a que poderemos chamar acessórios de moda vêm de muito pequena. Logo aos 11 anos comecei a fazer joalharia, mas nunca fiz peças de pequena escala. Em termos de moda, foi quando entrei para a Central Saint Martins, que impulsionava uma série de parcerias com casas de moda e marcas de alta joalharia.

Olhando para tua primeira participação na ModaLisboa, qual é o balanço que fazes?
Eu quando desenvolvi a colecção das próteses, que apresentei na edição anterior, foi no contexto do meu doutoramento em joalharia medicamente prescrita. O meu percurso é académico, a moda entrou como algo complementar. A minha intenção não era de forma alguma chegar ao mundo da moda... Era fazer um statement de estética, juntar o prazer ao “desprazer”, a doença à cura. As revistas começaram a achar que a dicotomia entre o saudável e o doente era capaz de ser interessante e foi assim que as peças começaram a surgir em editoriais. As próteses foram desviadas da sua primeira intenção para algo diferente. Não era a minha intenção, mas adaptei-me ao convite que a ModaLiboa me fez e penso que correu bem...

A apresentação das tuas peças na edição anterior causou reacções polarizadas...
Sim, criou reacções polarizadas, mas era aquilo que eu queria. É isso que eu quero com o meu trabalho – ou gostam ou não gostam, não há meio termo. Há uma reacção... Se pensarem cinco segundos naquilo que eu fiz, eu já tenho o meu dia ganho.

Qual é o conceito em que esta colecção se baseia?
Esta colecção não tem nada a ver com a joalharia medicamente prescrita, embora se mantenha a ligação à medicina. A colecção baseia-se nas teorias de psicanálise e psiquiatria, de enclausuramento e de uma síndrome quase depressiva. Tudo metafórico, claro. Há uma dicotomia plena, em que as manequins estão vestidas de freiras, mas são freiras em vermelho sangue, que usam saltos altos de doze centímetros. É quase erótico... Não erótico in your face...

Essa é uma imagem muito forte para o desfile...
Eu quero que todo o ambiente do local e toda a música, baseada em respiração, trovões e ritmos cardíacos, impulsionem uma sensação de intriga em relação ao que se passa por baixo daqueles hábitos de freira. É quase uma visão sexual em relação às “gazelas” que estão a desfilar envoltas numa estrutura que não lhes permite tocar em praticamente nada à volta...


Dá-te gozo essa provocação?
Dá-me muito gozo... É o que mais gozo me dá! Primeiro, porque eu geralmente faço uma peça para ela ser enquadrada num ambiente específico e não num ambiente qualquer. Cada coisa que eu faço tem um conceito por trás e uma vontade de transmitir algo específico. No fundo, o que eu quero é criar uma reacção extremamente forte, seja ela boa ou má, mas algo de que as pessoas não se esqueçam.

Isso é intencional?
É completamente intencional. Por isso é que eu tento recriar um ambiente um bocado teatral. Neste caso, as freiras têm uma razão de ser. São freiras semi-eróticas, encarceradas em grandes estruturas de aço, que fazem com que a zona de conforto seja muito maior e com que a aproximação do público seja quase inexistente. Existe uma barreira, existe um obstáculo.

Estas estruturas de metal, esta clausura, são de alguma forma uma vontade de olhar para dentro, para a relação com o próprio corpo?
Há uma coerência entre as minhas duas últimas colecções e grande parte do trabalho que eu gosto de fazer que é a restrição de movimento, alterar a forma como nós nos posicionamos na sociedade. Não a forma como comunicamos, mas a forma como nos movemos, o espaço de que necessitamos e o espaço que os outros têm para se mover à nossa volta.

Quais são as tuas perspectivas para o futuro?
A minha previsão é, dentro de três anos, abrir uma empresa de alta joalharia. Penso que, ao longo destes anos, fui desenvolvendo tantas ideias que é uma pena não as utilizar.

--

Olga Noronha was born in 1990, in Porto. In 2007, she moved to London and in 2011 she graduated in Jewellery Design from Central Saint Martins. Dedicated to medically prescribed jewellery, her academic career brought her to the first edition of Sangue Novo. In this second edition, Olga Noronha will present “Corpus in Claustrum”.

What’s your first reference in fashion?
My first references related to what we may call fashion accessories started at a young age. When I was 11, I started creating jewellery. I never created small pieces, though. As far as fashion is concerned, the relation started at Central Saint Martins, which promoted partnerships with both high jewellery and fashion brands.

Looking back to the previous edition, how do you see it?
When I developed the prosthesis collection that I presented in the last edition, it was related with my PhD and my investigation on medically prescribed jewellery. It wasn’t my intention to bring it into the fashion world… The intention was to make an aesthetic statement, to mix pleasure with “displeasure”, disease with cure. Magazines found this dichotomy between “healthy” and “sick” interesting and that’s how my pieces started to be featured in editorials. Fashion wasn’t in my plans, but I adapted to the ModaLisboa invitation and I think the result was good…

That last collection caused some opposite reactions…
Yes, it did. But that’s exactly what I wanted. That’s what I want my work to achieve. People will either like it or not like it, there’s no in-between. If people think about what I presented for 5 seconds, my goal is achieved.

What’s the concept of this collection?
This collection has nothing to do with medically prescribed jewellery, even though there’s still a relation with medicine. The collection is based on psychoanalytic and psychiatric theories, on the idea of enclosure and an almost depressive syndrome.  Metaphorically speaking, obviously. There’s a total dichotomy, as the models will be dressed as nuns. Nuns in red, wearing 12 centimeters stilettos. It’s almost erotic, but not an "in your face" kind of erotic …

That’s a very strong image…
I want the environment and the music, based on respiration, thunderclaps and cardiac rhythms, to make people wonder about what’s below those garments. It’s almost a sexual vision towards those “gazelles” walking down the runway surrounded by a structure that doesn’t allow the models to touch almost anything around…

Do you like to create that kind of provocation?
I really do! That’s what I like the most! First of all, because I create pieces to be shown in a specific context, not in a random way. Each thing I create has a concept behind it and I want to transmit something specific with it. Basically, what I want is to create an extremely strong reaction, whether it’s a good or a bad one. I don’t want people to forget it.

Is that on purpose?
Completely! That’s why I try to create a theatrical ambiance. There’s a reason why I chose to have the “nuns”. These semi-erotic nuns are enclosed in big steel structures, which increases their comfort zone and make any physical interaction from the audience almost impossible. There’s a barrier, an obstacle.

These steel sculptures and this enclosure, are they somehow a reflection about the relation with our own body?
The restriction of movements and changing the way we position ourselves in the society is something common in these two last collections and in most of my work. It’s not really about the way we communicate, but more about the way we move, the space we need and the space others have to move around us.

What do you expect for the future?
My expectation is to create my own high jewellery brand within three years. There are so many sketches and so many ideas that it would be a waste not to use them.