Tuesday, April 01, 2014

Portugal Fashion | Concurso Bloom: Pedro Neto

Nasceu em 1995 e aos quinze anos começou a estudar design de moda na Escola de Moda do Porto (EMP). Com apenas 18 anos, Pedro Neto é o vencedor do Concurso Bloom, organizado pelo Portugal Fashion, e que dá oportunidade a quatro jovens designers de apresentarem as suas colecções nas duas próximas edições do evento.

Como é que te sentes depois de teres ganho o concurso? 
É óptimo! Não estava mesmo à espera! Quando ouvi “Pedro Neto”, pensei “Pedro Neto? O quê? A sério?!”
Fiquei mesmo feliz. Por um lado, reconhecem o meu trabalho e isso é óptimo... É a melhor sensação do mundo, não há explicação!!! 

Como é que surgiu a moda na tua vida? 
Foi desde criança. Eu só via o Fashion TV quando tinha 10 anos ou 12... Pesquisa muito e comprava revistas... Aos 15 anos, decidi ir para a Escola de Moda do Porto porque era a única escola onde podia estudar design de moda com aquela idade...
Nunca me imaginei noutra área que não na moda. Ainda hoje me faz um bocado de confusão... Se a moda não der, para onde é que eu vou, o que é que vou fazer...?

Tu já tinhas apresentado uma colecção no Bloom...
No meu último ano na Escola de Moda, fui um dos seleccionados para apresentar a colecção final no Espaço Bloom. Não estava com grandes expectativas, mas correu super bem... Fui contactado pela WAD Magazine para fazer um editorial. Era a primeira colecção e acontecer isso foi óptimo!

Neste momento, estás a estudar no MODATEX...
Sim. No último ano na Escola de Moda, senti que queria mesmo continuar a estudar e sempre quis ir para o MODATEX... Entre estas fases, estive a trabalhar numa empresa como designer durante 8 meses. Foi lá que consegui patrocínios para esta colecção, o que foi óptimo. Digamos que abusei um bocado nos tecidos mais caros...

Que benefícios te trouxe ter esse estágio e esse contacto com a indústria?
Imensos mesmo! Para já, porque a Escola de Moda é mais conceptual, não tanto comercial como é a indústria. Além disso, numa empresa tenho que interagir e trabalhar em equipa. E na indústria os processos são mesmo muito longos...

E ao nível do processo criativo?
Também! Depois de trabalhar na indústria, o processo é diferente porque quando desenho algo já tenho quase a certeza de que vai resultar, já não é preciso fazer testes, testes e testes. Basta-me um teste e sei qual vai ser o resultado.

Gostavas de voltar à indústria?
Sim, sim. Para já, porque é muito difícil para um designer apresentar colecções e viver só disso. Acho que é muito difícil...

E onde fica a tua marca própria? Queres criar uma marca tua e apostar nela?
Quero! Só que para ser seguro, gostava de trabalhar também numa empresa. Não quero arriscar muito, mas claro que quero dedicar-me muito às minhas colecções.

Quais é que são as principais dificuldades que um jovem designer encontra?
É sempre a nível monetário, sempre! Se queremos fazer uma colecção diferente e marcante, temos que apostar em novos tecidos... No meu caso, tive patrocínios das empresas, o que foi óptimo. Se não fosse isso, não sei, não faço a menor ideia de como teria feito esta colecção.

Há um mercado disposto a consumir moda portuguesa?
É muito difícil vender em Portugal porque a maior parte das pessoas não conhece e depois pensa que é caro. Também é um exclusivo, mas as pessoas não vêem esse lado.

O problema está do lado de quem consome ou de quem produz?
São ambas as partes. Para os jovens designers, a parte de marketing é muito difícil de fazer... Do lado dos consumidores, talvez seja porque não procuram. Os consumidores preferem designers que todos conhecem a um que esteja a começar.
Nós, os jovens designers, estamos tão preocupados em fazer a colecção e em fazer algo que seja bom que nos esquecemos de pensar em como é que vamos vender. É verídico: a maior parte dos designers só pensa em fazer a colecção e não pensa em como é que depois a vai vender. E é muito difícil fazer esse trabalho de divulgação...

Um designer deve preocupar-se apenas com o conceito da colecção ou deve ter essa preocupação comercial?
O conceito deve ser adaptado para a colecção ser mais comercial. As pessoas querem peças práticas. A nível geral, para vender, as peças têm que ser super confortáveis e super práticas. Claro que tem que haver algum conceito, mas, acima de tudo, tem que haver essa preocupação com o conforto e com o dia-a-dia.

Sentes que o facto de teres apenas 18 anos e de estares ainda no processo de formação te condiciona?
Aos 18 anos queremos fazer tudo. Posso nem vir a fazer, mas pensei e trabalhei nisso... Por outro lado, é engraçado, porque as colecções que eu faço não são muito jovens. Como é que um puto de 18 anos faz uma colecção para uma mulher de 30 anos...? Eu devia estar a fazer streetwear porque é a “cena”, mas não... Acho que essa é a parte engraçada, acho mesmo.

É fácil fugir à tentação de fazer streetwear? O facto de te afastares desse estilo é consciente?
É um pouco de ambos. Eu já fiz streetwear... mas não é bem isso que eu quero. Prefiro uma coisa mais clássica, mesmo de senhora.

Tu eras o concorrente mais jovem e foste o vencedor. Como é lidar com isso?
É um privilégio e, acima de tudo, é uma grande pressão e responsabilidade. As pessoas podem pensar “Ele fez isto, o que é que vai fazer na próxima edição? Porque ele tem 18 anos...”
E também desperta o sentimento de provar que a nova geração, a minha geração consegue.

O que muda agora com a entrada na plataforma Bloom? 
Eu quero continuar a estudar. Ainda me restam três anos... se não desistir a meio! O ritmo do MODATEX é muito exigente e já fazer estes quatro coordenados criou imensa pressão porque tinha que faltar para ir à empresa, para ir à costureira... Não sei, não faço a menor ideia de como é que vai ser!

-- 

Born in 1995, Pedro Neto started studying Fashion Design at Escola de Moda do Porto (EMP) at the age of 15. Now 18, he is the winner of the Bloom Contest, organized by Portugal Fashion.

How do you feel after winning the contest?
I feel great! I wasn’t expecting this at all! When I heard “Pedro Neto”, I was like “Pedro Neto? What? For real?!”
I was really happy! On the one hand, they recognize my work and that is great... It’s the best feeling in the world, I can’t explain it!!! 

How did you become interested in fashion?
I became interested in fashion from an early age. When I was around 10 or 12 I would only watch Fashion TV… I would research a lot and then buy magazines. When I was 15 years old I enrolled at Escola de Moda do Porto because it was the only school I could go to at that age…
Actually, I have never imagined myself doing anything else. Even today, it is kind of weird… If fashion doesn’t work out for me, what will I do..? 

This is not the first collection you presented at Portugal Fashion’s Bloom…
While at Escola de Moda do Porto, I was one of the students selected to present the final collection at Portugal Fashion. I didn’t really have big expectations, but it was extremely good. WAD Magazine came to me to shoot an editorial. It was the first collection I presented, so it was great. 

Right now, you are studying at MODATEX…
I am. During the last year at EMP, I felt that I really wanted to keep studying and I always wanted to attend MODATEX. Between these two stages, I took an eight-month internship at a company, where I worked as a designer. They sponsored me, which was great! Let’s just say I took some advantage and used more expensive fabrics… 

What did you learn from that experience?
I learned a lot! First of all, EMP is more conceptual, so it was good to get in touch with the more commercial side of fashion. Besides, when working for a company, one has to interact and work as a team, which is totally different from working alone. And processes are also different, they are very long… 

Did it affect your creative process?
It did! After that experience, my process is different because I already know if something will work out when I am sketching. I don’t need to test, and test, and test. Only one test is enough. 

Would you like to work for a company again?
I would. First of all, because it is very difficult for a designer to present collections and live only on that. I think it would be very hard… 

What about your own brand? Do you still want to move forward with it?
I do! But in order to be in a better situation, I would like to work for a company as well. I don’t want to take too many risks, but I obviously want to dedicate myself to my own collections. 

What are the main challenges that a young designer faces?
It’s always a financial matter. If we want to create a different collection that stands out, we have to go for new fabrics, which are expensive… For me, it was great to have a sponsor. If it wasn’t for that, I don’t know, I have no idea how I would have created this collection. 

Is there a market interested in consuming Portuguese fashion?
It’s very difficult to sell in Portugal because most people don’t know Portuguese fashion and then they think it’s expensive. The thing is that people don’t see it as exclusive...

Where does the problem lye, on designers or on consumers?
Both. For young designers, the marketing aspect is very difficult. As far as consumers are concerned, maybe they don’t really look for it. Consumers prefer designers that everyone has heard about to young designers…
We, young designers, are so worried with creating a collection that is good that we forget to think about how we will sell it. Promotion is really a hard part of the business. 

Should designers consider only the conceptual side of the collection or should they have a commercial approach?
The concept should be adapted to make a collection more commercial. People want practical garments... In general, garments must be comfortable and practical. Obviously, there’s got to be some concept, but, above all, it is necessary to consider comfort and practicality. 

Do you feel that the fact that you’re only 18 years old and that you’re still studying affect your work?
At eighteen, we want to do everything. Maybe I won’t do everything I’ve planned, but at least I thought about it and worked for it... On the other hand, it’s funny because my collections aren’t that youthful… How does an eighteen-year-old kid create a collection for a thirty-year-old woman? I should be doing streetwear because it’s the “thing” right now. But no… I think that is the funny part, I really do. 

Is it easy to avoid the temptation of streetwear? The fact that you step away from that style, is it conscious?
It’s a little bit of both. I’ve done streetwear… but it’s not what I really want to do. I prefer something more classical, more ladylike. 

You were the youngest contestant and came out as the winner. How do you see it?
It’s a privilege and, above all, it brings great pressure and responsibility. People might think “He created this, what is he going to create next? He’s only eighteen…” It also challenges me to prove that the new generation, my generation, can make it.

What does it change to win the contest?
I want to keep studying. I have three years left… if I don’t quit! MODATEX is very demanding and it was a lot of pressure to create this collection because I had to skip classes in order to go to oversee the collection. I don’t know, I have no idea of what will happen!

No comments: